segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Santiago!

Vista desde a Serra da Malagueta para o Pico da Antónia.
Fotografia tirada no dia 05.07.2008.

Stênde bus bráçu!

terça-feira, 24 de novembro de 2009

São Vicente!

Finalmente tive o previlégio de conhecer Soncente!

Dizem que foi aqui que a morabeza deste arquipélago nasceu. Entende-se bem porquê!
Aqui parece que estamos noutro país, pois tudo é diferente. A organização, o urbanismo, a cultura, a mentalidade, a simpatia e a limpeza são factos a realçar desta ilha cuja capital tchoma Mindelo.




E j'a m'bá e já m'bem!

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Aedes aegypti!

Aí está o maldito bicho que me atirou para a cama durante uma semana.



Odioso do Egipto, eis como se traduz o nome taxonómico do mosquito da Dengue. Realmente senti na altura um certo ódio por este palerma mas depois passou. Senão vejamos, um gajo alimenta-o com o nosso sangue, portanto damos-lhe sustento e ele dá-nos o que ele tem de maior valor, que é o Flavivirus, parece-me justo!

Agora parece incrível como é que este artrópode consegue arrasar connosco. No início senti apenas umas dores musculares, depois umas dores retro-oculares e cefaleias, até que fui fustigado por um vai-e-vem de febre alta, acompanhada de um aumento da intensidade das referidas dores. Percebi, então, porque é que lhe chamam a doença "quebra-ossos".

Basicamente ficamos todos partidos.

Agora acho que a coisa já acalmou aqui pelo arquipélago, para já ocorreram cerca de 18.500 casos e eu só fui mais um!

Sacudin dja ben!

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Tempu di tchuba!

Hoje o dia amanheceu com o céu limpo, o sol forte, e um caloooor!
Encontrei-me cedo com dois técnicos de um instituto, que curiosamente faz a gestão dos recursos hídricos de Cabo Verde. Comentei com eles que estava um calor muito intenso e que o sol estava arrasador. Responderam-me: "Tempo di tchuba!"
Estranho, pensei eu. Com um dia destes não há-de chover de certeza.
Pois bem, de imediato rumamos para a Capital do Badiu di fora, a Assomada para visitarmos duas ribeiras, Picos e Sedeguma. Iamos com o objectivo de encontrar água subterrânea...nem sabia o que viria a seguir.
No regresso, ao descermos para Orgãos, deparamo-nos com todo o vale repleto de nuvens, e nós com as mesmas condições iniciais. Antes de entrar nessa localidade, começa a chover com alguma intensidade, mas pensava eu que seria passageiro. De facto tinha razão, ao chegar à Praia, apesar de nublado, ainda não chovia.
Seriam umas duas da tarde quando começa a chover, assim de um momento para o outro caíam ziliões de gotículas de água...por metro quadrado! Bastaram 20 minutos para a Cidade da Praia ficar um caos e as suas vias transformarem-se em pistas de cannyonning!


Eis alguns exemplos:



Descida do Palmarejo - junto ao Hipercompra

Terra Branca - junto à Shell


Chã de Areia - junto ao Pavilhão Vává Duarte



Lá diz o ditado: "Tchuba ta átcha midju na tchom só p-e nasi"

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Reino Maravilhoso I


"Nas margens de um rio de oiro, crucificado entre o calor do céu que de cima o bebe e a sede do leito que de baixo o seca, erguem-se os muros do milagre. Em íngremes socalcos, varandins que nenhum palácio aveza, crescem as cepas como os manjericos às janelas. No Setembro, os homens deixam as eiras da Terra-Fria e descem, em rogas, a escadaria do lagar de xisto. Cantam, dançam e trabalham. Depois sobem. E daí a pouco há sol engarrafado a embebedar os quatro cantos do mundo." Um Reino Maravilhoso, Miguel Torga.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

S. Salvador do Mundo!


Apesar de não conhecer muitas ilhas deste arquipélago, para mim, não existe região mais bonita que o Interior de Santiago.

Por detrás de um contorcido espécimen da flora local, esconde-se uma chaminé vulcânica, com esta morfologia curiosa. Esta formação geológica, datada do Pliocénico-Miocénico, pertence a um complexo eruptivo designado por Pico da Antónia, curiosamente dos melhores aquiferos existentes na ilha.

Municipio de S. Salvador do Mundo, Santiago.
Novembro 2008.

Ilha Brava!


Esta é a irmãzinha da ilha mais imponente de Cabo Verde.
Foto tirada desde Djarfogo para a Dja Braba.
Novembro 2008.

Mergulho II!


Durante a paragem de descompressão, a cerca de 5 metros, apareceu este peixe-balão. Eu, destemido, agarro a fera, enquanto que o meu buddy lhe faz festas na tolinha.
No mergulho anterior estávamos nos 30 metros quando alguém começou a "tripar". Foi a tua primeira narcose buddy, e eu estava lá...
"Pamodi bu ka kré k'um stá tchoma-u Narcoses"
(deve-se escrever quase assim ou parecido)

Mergulho!


Na costa da ilha de Santiago, perto de Ponta Bicuda, Praia, a cerca de 15 metros. Principiante...

Ilha do Sal!

"That's one small step for a man, one giant leap for mankind".
Não fosse a escassa vegetação e algumas nuvens, poderia ter sido este o local, onde Neil Armstrong tivesse proferido estas palavras.
Djadsal! Pergunto-me porque é que lhe chamavam "Llana"...Estranho?!

terça-feira, 28 de julho de 2009

Ilha do Fogo!

Djarfogo!
Foto tirada de Águas Belas, Santiago. São cerca de 70 os quilómetros que separam estas duas ilhas. O Pico do Fogo encontra-se a 2829 metros de altitude. Aproximadamente o dobro da altitude máxima da ilha de Santiago.

Mina de Ouro!


Mina de Ouro fica localizada no entroncamento da Ribeira de Sedeguma com a Ribeira de Engenhos, Santa Catarina, Ilha de Santiago, CV.

Tentem perceber porque é que se chama assim...


terça-feira, 30 de junho de 2009

Rotina!

“O ser humano é o único animal que come mesmo quando não tem fome, bebe sem ter sede e fala sem ter nada para falar”. John Steinbeck.
Como já referi moro na Praia, e tenho com esta cidade uma ligação especial. Por aqui passo a maior parte do meu tempo.
Graças à minha actividade profissional, passo algumas horas no Interior da ilha de Santiago, mas mesmo assim ainda fico com tempo de sobra, para gastar aqui.
Assim tenho que ocupar o meu tempo com alguma coisa. Como não há muito para fazer então caímos um pouco numa rotina.
Após a degustação de um qualquer prato, de preferência bem regado, eu e a minha equipa, partimos para uma sobremesa onde não poderá faltar uma dose (ou duas) de cafeína acompanhado de uma (aqui serão várias) dose de água escocesa ou quiçá irlandesa. Saímos do local de repasto com destino a outro, mas desta feita para sorver mais umas doses de cereais bem seleccionados, com gelo pois aqui faz muito calor. Uns milhares de unidades de tempo no sistema internacional depois, rumamos para outro porto de abrigo onde convivemos com a mais requintada flor da sociedade cabo-verdiana (não muito diferente da portuguesa). Encapados e umas doses mais e allez que já se faz tarde. Abandonamos esse espaço e dirigimo-nos para onde as pessoas cheiram bem. Esse mesmo, o local da fundação da reconhecida FLIS.
Depois de “spadja pé” por entre a multidão, entornando mais uns decilitros de puro malte, o corpo pede descanso e está na hora de ir pregar para outra paróquia pois já não há paciência naquela em que nos encontramos.
É um desespero!

Bô qu’ ê nhâ afronta!

terça-feira, 2 de junho de 2009

Gambôa 2009!

Este ano pude assistir ao vivo ao maior festival de música da ilha de Santiago. Estiveram presentes artistas de renome, como Tito Paris, Lura, Boss AC e Ferro Gaita. E, pessoal, tudo isto...de BORLA!!!

Algumas pessoas diziam-me, mas isto afinal já não é o Gamboa.

Questionei-os porque é que afirmavam tal coisa. A resposta foi: “Ah porque faltam outros artistas mais animados”. Tive que concordar com eles, mas mesmo assim contrapus com os argumentos das bandas estrangeiras que se fizeram deslocar a Cabo Verde, e que todo o cartaz era de qualidade superior. E de BORLA!!!

Apesar de o meu termo comparativo ser um festival realizado em Dezembro de 2007, onde notoriamente existia um certo clima de insegurança, desconfiança e muito lixo à mistura, devo dizer que a organização deste Gambôa superou todas as minhas expectativas. Apenas referir que em tal festival das estrelas, em época natalícia, tive que fugir de uma chuva, não de estrelas mas sim de pedras.

Contudo não há bela sem senão!

Estava a chegar às imediações do espectáculo, de carro (afinal de contas sou português e quanto mais próximo o meu carro chegar melhor), quando, depois de estacionar sou abordado por um agente policial da divisão de trânsito. Num tom austero e arrogante, a figurinha pediu-me os documentos e afirmou que eu iria ser autuado.

Bem! Na realidade eu cometi uma infracção, mas como eu, mais algumas dezenas de condutores. Curioso que foi apenas a mim, a um colega e a uma “piquena” da alta sociedade a quem foi sorteado um prémio de 20.000$00.

Engraçado foi a parte em que a tal sumidade começou a ameaçar deter-me. Isto porque eu queria explicar quais os motivos da minha manobra “perigosa” e porque é que eu não tinha a carta de condução comigo.

Após três ameaças de detenção, começou a falar com o colega coisas como “Pensas que vens fazer para aqui coisas que não fazes em Portugal”, “Vais levar com uma multinha só para te fud….”, “Pensas que nos vens enganar”, “Branco, agora vais ver como é que é”, “Devias era ir para a tua terra, Tuga”. Tudo isto mas em Crioulo.

Pensava ele que eu não entenderia nenhuma coisa que ele proferia. Enganou-se!

Quando começa a ouvir-me dizer duas ou três frases “feitas”, o coitado até ficou, imaginem, branco. Não fosse o colega dele a ser mais escorreito possivelmente teria passado o meu primeiro Gambôa “dentro”.

Disse-lhe na altura que não seria pela atitude que tal “palérma” teve para mim que eu deixaria de honrar os meus princípios e respeitar toda a gente independentemente da sua nacionalidade, religião, sexo ou tom de pele.

Despedi-me com um “M’ skuâ” e um “Dja-m bai”, não vá ele ser “sampadjudu” ou “badiu”.

Úm dôci abráçu dí páz

terça-feira, 5 de maio de 2009

H1N1

Aqui está mais uma nova ameaça lançada no Mundo!
O vírus foi identificado como Influenza A, subtipo H1N1, uma variante nova da gripe suína para a qual não existe uma vacina. Dizem eles…
Este vírus foi criado exclusivamente para combater uma classe social claramente diferente das outras. O Povo do Interior!
Digam que eu estou errado e que essa teoria da conspiração está de todo posta de parte, mas vejam só as coincidências. Quando eu lanço um apelo às gentes oprimidas do Interior, para se mobilizarem, juntando-se à FLIS, Força de Libertação do Interior de Santiago é quando alguém decide voltar à carga com uma arma biológica contra nós. Afinal de contas quem é que cria suínos? Quem é que tem contacto mais directo com essa espécie?
Não desistam, lutaremos e venceremos da mesma forma como nos casos das vacas loucas e gripe das aves.
Um dia atingiremos a nossa emancipação!

É claro que quem inventa uma coisa destas não é para abater os “copo de leite” da cidade. Ou será? Quem é que está a tombar? Hum…!

M’ câ sabê.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

3247 Kms!

Eis a distância que separa as minhas actuais casas.
Como não poderia deixar de ser qualquer português que por razões profissionais se encontre na Cidade da Praia tem que morar na zona do Palmarejo. Acho que é por nos lembrar os “caixotes” que existem em Portugal e que temos tantas saudades. Os mesmos “caixotes” que estamos sempre a desprezar e a abominar pela falta de privacidade (nossa) e intolerância (dos vizinhos).
Eu sou mais um. Poderia ter ido morar para a Achada de Sto. António, ou para a Prainha, ou para o Plateau, mas não. EU QUERO MORAR NO PALMAREJO! Claro que o valor da renda pesa na decisão.
Apesar de ser a zona da Praia com mais condições para morar, é também uma zona rodeada por bairros engraçados: Monte Vermelho, Tira-Chapéu, Casa Lata, Covão (Cobom) e Fundo de Covão. Em frente de minha casa tenho a UniCV, um exemplo de modernidade (falo pelo edifício não pela instituição), e atrás tenho vista privilegiada para os fantásticos três últimos bairros acima escritos. Como é bom acordar ao som de tiros de “boca-bedjo”, uma espécie de arma de fogo artesanal.

A Cidade da Praia é a capital e nela residem cerca de 115.000 almas. Provavelmente ainda sem contabilizar essa praga, os portugueses. E ainda não existe nenhum shopping porque quando existir então aí preparem-se porque vão aparecer aos milhões, assim tipo praga de gafanhotos.
Os portugueses têm um feitio esquisito. Uma estranha forma de estar.
Estamos sempre a falar mal do nosso país, mas sempre que estamos afastados dele tentamos fazer o mesmo que em Portugal ou tornar o local o mais semelhante possível à nossa Alma Mater.
Faço um apelo, Cabo-verdianos não deixem que estes gajos transformem a vossa sociedade.
Assimilem apenas o que Portugal tem de bom. Por exemplo, construam 8 novos estádios de futebol de grande capacidade, todos na Cidade da Praia, três auto-estradas Praia-Tarrafal (sem saídas no interior porque eles não precisam), como não têm comboio implantem logo o TGV (uma circular em Santiago) com partida e destino final na Praia, e já agora um novo aeroporto, construído no Ilhéu de Santa Maria.

Encontro-me a 3247 Kms da minha casa, do meu “caixote”, e que saudades tenho dele.

Quem canta seus males espanta.

M’ stâ cantâ.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Assomada

Como já referi, foi a pequena cidade de Assomada que me acolheu quando eu cheguei a Cabo Verde. Esta cidade é a sede do concelho de Santa Catarina, a capital do “badio pé-ratxado”.
É um local onde qualquer português que percorra o seu centro se sentirá em casa pois, aí, predomina uma arquitectura familiar, bem ao estilo colonial. Pena é que muitos dos edifícios estejam degradados, também bem ao estilo português, basta olhar para o centro de uma qualquer cidade da “Metrópole”. Pessoalmente, aponto para o actual Museu de Tabanka e o Mercado Municipal como as construções mais atractivas.
Por lá passei vários meses, e conheço razoavelmente bem, não só a capital mas também o próprio município. É um lugar que me deixa saudades. Assomada, Rincão, Ribeira da Barca, passando por Chão de Tanque, Chão de Cana, Mato Gégé, Engenhos, Telhal, Fonte Lima, Pedra Vermelha, Achada Grande, Águas Belas, Achada Lem, Achada Falcão, Charco, Mina de Ouro, entre outros, tudo locais com algum significado para mim.
Neste concelho existem paisagens para todos os gostos. Mar, montanha, vales, planaltos e uma fabulosa vista para a imponente ilha do Fogo. A praia na desembocadura da ribeira do Charco, a serra da Malagueta, as ribeiras de Sedeguma, Sansão e Engenhos, as achadas, tudo isto sob o olhar atento da ilha do “manecon”.
De braços abertos, foi assim que Cabo Verde me recebeu. Adoptou-me sem qualquer tipo de reserva. Aceitou-me como de um filho da terra me tratasse. Por isso é que para onde eu for, levarei sempre comigo um pedaço desta terra de “morabeza”.
Por muito que as gentes da Praia virem costas ao interior, à semelhança do que se passa em Portugal, elas nunca devem esquecer as suas raízes. Lembro que a Assomada é o coração da ilha, o berço de ilustres personalidades e principalmente de parte da cultura cabo-verdiana.

Por tudo isso que orgulhosamente me considero “badio di fora”, também porque se houvesse esta definição em Portugal eu já o seria lá.
Desta forma, minha gente, vou fundar e liderar um grupo de guerrilha para lutar contra o ostracismo a que nós, povo do interior de qualquer país, estamos sujeitos. Começarei pelo interior de Santiago.
Deixo um apelo!
Camaradas, mais logo pelas 23horas, vamos clandestinamente reunir-nos, para traçar as linhas de orientação da FLIS, Força de Libertação do Interior de Santiago. O local do encontro será em Pedra Vermelha.
Concerteza será melhor realizar-se em Ribeira da Barca, a estrada é melhor, tem empedrado e tudo e eu já lavei o carro e não quero sujá-lo com pó.
Mas lá cheira mal, porque não tem saneamento nem recolha do lixo. É melhor ser em Rincão, a estrada é asfaltada e …., eh! Pá! Mas lá não tem rede de telemóvel.
Pronto, fica marcado para a Pracinha, na Assomada,…aah! A senhora das pipocas não pode ir.
Marcamos então na Achada Grande, Cidade da Praia, no Cockpit, que é um sitio todo à maneira e onde até as pessoas se vestem e cheiram bem.

Agora percebo porque toda a gente quer vir para a Praia, no Interior não temos nenhum sitio para reuniões clandestinas….ou teremos?! Huuum!

Nhôs amígu!

sexta-feira, 20 de março de 2009

O Crioulo!

Ora aí está a primeira grande dificuldade com que me deparei, o Crioulo.
Esta estranha forma de falar, onde parece que se mistura o português com qualquer outra língua, ou será português mal-falado, ou outra coisa assim. Ainda estão em estudos para ver qual a origem.
Bem, realmente a língua é um obstáculo difícil de superar e que ainda não está ultrapassado.
Ainda para mais tendo eu ficado alojado no interior de Santiago, onde o português é muito pouco falado e onde o crioulo é mais conservador, torna as coisas ainda mais difíceis. Lembro que a primeira frase que aprendi em crioulo foi uma coisa ordinária, como não poderia deixar de ser.
A comunicação aqui é um dos grandes problemas. Estive quase a entrar em confronto físico com uma pessoa e sem saber porquê. Essa pessoa, género masculino, 1,80m de altura, estimo aí uns 70kg, mas com quase 80 anos(?) estava a falar comigo e como eu estava cá à uns 2 dias pensaria ele que eu já entenderia o que me queria dizer. Enquanto ele falava e depois de várias tentativas goradas em querer explicar ao homem que eu não entendia crioulo, comecei a acenar sempre com a cabeça e a responder com aquelas frases que mostram todo o nosso interesse naquela conversa. “Sim, sim!”, “Claro, tem toda a razão” e o célebre “Pois, pois”. A uma dada altura o homem começa a ficar furioso e não fosse um amigo português a meter-se na conversa e explicar, em crioulo, que eu não entendia nada do que ele estava a falar, acho que o cajado onde ele se apoiava para se fazer deslocar teria vindo parar directamente à minha cabeça. Depois de sanado o conflito e feito as pazes com o homem percebi porque é que ele ficou danado comigo. É simples, o assunto era a partida dos portugueses de Cabo Verde e ele questionou-me se tinham feito bem ao abandonar o país, à qual eu respondi “Sim, sim!”. Essa conversa foi aterradora para mim, pois ele enquanto falava lançava perdigotos que se assemelhavam a autênticos besouros que zumbiam nos meus ouvidos quando passavam, e mais, ele insistia a erguer a mão ao mesmo tempo que explanava as suas ideias, o problema é que nessa mão não estavam cinco dedos, mas seis. A meio do dedo mindinho nascia outro, com unha e tudo. Incrível!
Nesse mesmo dia tinha mudado as minhas coisas para um hotel/residencial, quando chego nessa noite deparo-me com a porta fechada. O guarda teve que sair e o portuga dormiria na rua não fosse a casa onde eu estava hospedado ter uma cama livre. Terá sido castigo?

Dexâ-m’ quétu!

quinta-feira, 19 de março de 2009

Cabo Verde

Cabo Verde foi descoberto em 1460 por Diogo Gomes ao serviço da Coroa Portuguesa. Este arquipélago situa-se a 640Km a Oeste do cabo Verde, Senegal, e foi-lhe atribuída, brilhantemente, a mesma denominação. O Diogo foi inteligente, porque quando ele pensava no nome que ia dar a este território lembrou-se, “- Qual é a terra mais próxima daqui? Humm! Cabo Verde. O “c” de cabo (nome comum) passo a “C” (nome próprio) e já está.”. Iluminado, o gajo!
Logo a seguir, veio a terra e iniciou a colonização por um local que se chama “Ribeira Grande”, o porquê deste nome é que também mostra a lucidez e brilhantismo deste homem. É que nesse local existe uma ribeira que, imaginem, é grande. Pronto, mais um nome. Agora, esse local é designado por “Cidade Velha”, mas não me perguntem porquê, porque sinceramente não sei. Os portugueses sempre foram muito bons a atribuir nomes a qualquer coisa. Com a excepção da ilha do Maio e o Sal (esta chamava-se Plana) e porque os nomes dos santos dos dias em que foram descobertas já deviam estar ocupados, todas as ilhas tiveram nomes de santos, contudo agora algumas não os mantiveram, Fogo (S. Filipe), Brava (S. João) e Boa Vista (S. Cristóvão). O Maio porque foi o mês em que foi descoberto, Plana porque a ilha é, imaginem só,…, plana, agora chamada de Sal, porque tem… salinas, o Fogo simplesmente porque é ainda um vulcão activo, a Brava porque era uma ilha selvagem e de difícil acesso, e reza a história que a Boa Vista se chama assim porque ouve alguém que em vez de dizer “terra à vista” gritou “boa vista”. Vá lá que Santiago, S. Nicolau, Santa Luzia, S. Vicente e Santo Antão se mantiveram. Se fosse hoje Santiago poder-se-ia chamar de Nova Amadora, apenas porque a proporção portugueses-caboverdianos-guineenses cada vez mais se assemelha à Amadora, mas não pensem que é porque a população portuguesa está a aumentar, é que há muito caboverdiano a regressar à terra.

Até amanhã!

terça-feira, 17 de março de 2009

Epílogo

Depois uma já longa estadia nas terras meridionais da Macaronésia chegou a altura de realizar uma pequena e simples abordagem a este tema.
Encontro-me nestas paragens desde o décimo primeiro mês do sétimo ano após o anunciado Armagedão. Tempo suficiente para conhecer, nem que seja superficialmente, as gentes e costumes deste território formado por vários promontórios vulcânicos.
Encontro-me na ilha de Santiago, e foi a pequena cidade da Assomada, concelho de Santa Catarina, que me recebeu. Agora moro na capital do país, uma grande cidade com…100.000 habitantes.

Para mim aquele choque, que algumas pessoas falam quando chegam à Cidade da Praia, não existiu. Apenas esquecendo a parte em que as minhas malas não apareceram, mas isso que era um grande problema na altura, deixou de o ser depois de me habituar.

Aqui vive-se um pouco no ritmo das Caraíbas, sem stress. As Caraíbas mandam para cá o ritmo e Cabo Verde manda-lhes os furacões. É justo!
Dizem também que Cabo Verde envia para outros países, tipo Portugal, Holanda,…, aquilo que faz com que todo o mundo fique com o ritmo das Caraíbas (yow men, tá-se bem), mas eu não me acredito. As pessoas más é que dizem que a malta anda com os olhos inchados e vermelhos por causa dos estupefacientes mas o que é certo é que aqui tem muito vento e muito pó..no ar. Deixa lá, elas não percebem.

Estava eu a dizer que aquele impacto que qualquer pessoa que chega do 1.º Mundo a um país do 2.º/3.º Mundo não existiu, talvez porque tivesse partido de Lisboa...

A fase de adaptação foi dura e duradoura, acho que demorou 3 dias, tempo em que participamos na primeira festa, e o efeito da bebida local (o grogo/grogue) ser extremamente dilacerante numa pessoa que não está acustumada a beber bebidas alcoolicas. Coitadinhos!!!

Claro que das coisas mais difíceis a habituar foi a lingua. Apesar de se assemelhar muito à portuguesa, não é bem igual. Existem algumas variações. Por exemplo, existe o grogo de 1ª, de 2ª e o velho... Ao passar na lingua é diferente da nossa aguardente.

Pensavam que estava a falar do dialecto...

Só dá pa dôdo. Manhã si um teni vontadi sta screbi mas.

O despertar!

Pois é! Já estava na altura de criar um blog que relatasse alguns dos acontecimentos que vão ocorrendo por terras crioulas.

O título deste post diz tudo. Depois de ter a alguns anos deliciado os meus (3) leitores assíduos com os meus textos num espaço da concorrência, e depois de muitas solicitações e de reflectir imenso, resolvi criar este magnífico blog.

Vamos ver se vou conseguir chegar ao mesmo patamar do anterior, ou quiçá superá-lo.

Aguardem pois, com paciência e dedicação, a afixação de textos de um nível cultural sublimamente elevado (a zero).

Cumprimentos