terça-feira, 30 de junho de 2009

Rotina!

“O ser humano é o único animal que come mesmo quando não tem fome, bebe sem ter sede e fala sem ter nada para falar”. John Steinbeck.
Como já referi moro na Praia, e tenho com esta cidade uma ligação especial. Por aqui passo a maior parte do meu tempo.
Graças à minha actividade profissional, passo algumas horas no Interior da ilha de Santiago, mas mesmo assim ainda fico com tempo de sobra, para gastar aqui.
Assim tenho que ocupar o meu tempo com alguma coisa. Como não há muito para fazer então caímos um pouco numa rotina.
Após a degustação de um qualquer prato, de preferência bem regado, eu e a minha equipa, partimos para uma sobremesa onde não poderá faltar uma dose (ou duas) de cafeína acompanhado de uma (aqui serão várias) dose de água escocesa ou quiçá irlandesa. Saímos do local de repasto com destino a outro, mas desta feita para sorver mais umas doses de cereais bem seleccionados, com gelo pois aqui faz muito calor. Uns milhares de unidades de tempo no sistema internacional depois, rumamos para outro porto de abrigo onde convivemos com a mais requintada flor da sociedade cabo-verdiana (não muito diferente da portuguesa). Encapados e umas doses mais e allez que já se faz tarde. Abandonamos esse espaço e dirigimo-nos para onde as pessoas cheiram bem. Esse mesmo, o local da fundação da reconhecida FLIS.
Depois de “spadja pé” por entre a multidão, entornando mais uns decilitros de puro malte, o corpo pede descanso e está na hora de ir pregar para outra paróquia pois já não há paciência naquela em que nos encontramos.
É um desespero!

Bô qu’ ê nhâ afronta!

terça-feira, 2 de junho de 2009

Gambôa 2009!

Este ano pude assistir ao vivo ao maior festival de música da ilha de Santiago. Estiveram presentes artistas de renome, como Tito Paris, Lura, Boss AC e Ferro Gaita. E, pessoal, tudo isto...de BORLA!!!

Algumas pessoas diziam-me, mas isto afinal já não é o Gamboa.

Questionei-os porque é que afirmavam tal coisa. A resposta foi: “Ah porque faltam outros artistas mais animados”. Tive que concordar com eles, mas mesmo assim contrapus com os argumentos das bandas estrangeiras que se fizeram deslocar a Cabo Verde, e que todo o cartaz era de qualidade superior. E de BORLA!!!

Apesar de o meu termo comparativo ser um festival realizado em Dezembro de 2007, onde notoriamente existia um certo clima de insegurança, desconfiança e muito lixo à mistura, devo dizer que a organização deste Gambôa superou todas as minhas expectativas. Apenas referir que em tal festival das estrelas, em época natalícia, tive que fugir de uma chuva, não de estrelas mas sim de pedras.

Contudo não há bela sem senão!

Estava a chegar às imediações do espectáculo, de carro (afinal de contas sou português e quanto mais próximo o meu carro chegar melhor), quando, depois de estacionar sou abordado por um agente policial da divisão de trânsito. Num tom austero e arrogante, a figurinha pediu-me os documentos e afirmou que eu iria ser autuado.

Bem! Na realidade eu cometi uma infracção, mas como eu, mais algumas dezenas de condutores. Curioso que foi apenas a mim, a um colega e a uma “piquena” da alta sociedade a quem foi sorteado um prémio de 20.000$00.

Engraçado foi a parte em que a tal sumidade começou a ameaçar deter-me. Isto porque eu queria explicar quais os motivos da minha manobra “perigosa” e porque é que eu não tinha a carta de condução comigo.

Após três ameaças de detenção, começou a falar com o colega coisas como “Pensas que vens fazer para aqui coisas que não fazes em Portugal”, “Vais levar com uma multinha só para te fud….”, “Pensas que nos vens enganar”, “Branco, agora vais ver como é que é”, “Devias era ir para a tua terra, Tuga”. Tudo isto mas em Crioulo.

Pensava ele que eu não entenderia nenhuma coisa que ele proferia. Enganou-se!

Quando começa a ouvir-me dizer duas ou três frases “feitas”, o coitado até ficou, imaginem, branco. Não fosse o colega dele a ser mais escorreito possivelmente teria passado o meu primeiro Gambôa “dentro”.

Disse-lhe na altura que não seria pela atitude que tal “palérma” teve para mim que eu deixaria de honrar os meus princípios e respeitar toda a gente independentemente da sua nacionalidade, religião, sexo ou tom de pele.

Despedi-me com um “M’ skuâ” e um “Dja-m bai”, não vá ele ser “sampadjudu” ou “badiu”.

Úm dôci abráçu dí páz