Como já referi, foi a pequena cidade de Assomada que me acolheu quando eu cheguei a Cabo Verde. Esta cidade é a sede do concelho de Santa Catarina, a capital do “badio pé-ratxado”.
É um local onde qualquer português que percorra o seu centro se sentirá em casa pois, aí, predomina uma arquitectura familiar, bem ao estilo colonial. Pena é que muitos dos edifícios estejam degradados, também bem ao estilo português, basta olhar para o centro de uma qualquer cidade da “Metrópole”. Pessoalmente, aponto para o actual Museu de Tabanka e o Mercado Municipal como as construções mais atractivas.
Por lá passei vários meses, e conheço razoavelmente bem, não só a capital mas também o próprio município. É um lugar que me deixa saudades. Assomada, Rincão, Ribeira da Barca, passando por Chão de Tanque, Chão de Cana, Mato Gégé, Engenhos, Telhal, Fonte Lima, Pedra Vermelha, Achada Grande, Águas Belas, Achada Lem, Achada Falcão, Charco, Mina de Ouro, entre outros, tudo locais com algum significado para mim.
Neste concelho existem paisagens para todos os gostos. Mar, montanha, vales, planaltos e uma fabulosa vista para a imponente ilha do Fogo. A praia na desembocadura da ribeira do Charco, a serra da Malagueta, as ribeiras de Sedeguma, Sansão e Engenhos, as achadas, tudo isto sob o olhar atento da ilha do “manecon”.
De braços abertos, foi assim que Cabo Verde me recebeu. Adoptou-me sem qualquer tipo de reserva. Aceitou-me como de um filho da terra me tratasse. Por isso é que para onde eu for, levarei sempre comigo um pedaço desta terra de “morabeza”.
Por muito que as gentes da Praia virem costas ao interior, à semelhança do que se passa em Portugal, elas nunca devem esquecer as suas raízes. Lembro que a Assomada é o coração da ilha, o berço de ilustres personalidades e principalmente de parte da cultura cabo-verdiana.
Por tudo isso que orgulhosamente me considero “badio di fora”, também porque se houvesse esta definição em Portugal eu já o seria lá.
Desta forma, minha gente, vou fundar e liderar um grupo de guerrilha para lutar contra o ostracismo a que nós, povo do interior de qualquer país, estamos sujeitos. Começarei pelo interior de Santiago.
Deixo um apelo!
Camaradas, mais logo pelas 23horas, vamos clandestinamente reunir-nos, para traçar as linhas de orientação da FLIS, Força de Libertação do Interior de Santiago. O local do encontro será em Pedra Vermelha.
Concerteza será melhor realizar-se em Ribeira da Barca, a estrada é melhor, tem empedrado e tudo e eu já lavei o carro e não quero sujá-lo com pó.
Mas lá cheira mal, porque não tem saneamento nem recolha do lixo. É melhor ser em Rincão, a estrada é asfaltada e …., eh! Pá! Mas lá não tem rede de telemóvel.
Pronto, fica marcado para a Pracinha, na Assomada,…aah! A senhora das pipocas não pode ir.
Marcamos então na Achada Grande, Cidade da Praia, no Cockpit, que é um sitio todo à maneira e onde até as pessoas se vestem e cheiram bem.
Agora percebo porque toda a gente quer vir para a Praia, no Interior não temos nenhum sitio para reuniões clandestinas….ou teremos?! Huuum!
Nhôs amígu!
sexta-feira, 3 de abril de 2009
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